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Patricia Barber
Clique
CD
Impex Records 2021

 

 

Clique nasceu da sessão de gravação do anterior álbum de Patricia Barber, Higher. O produtor tinha reservado o estúdio para quatro dias, mas a gravação durou apenas dois e Patricia aproveitou para gravar algumas composições que normalmente utiliza nos encores, de outros autores.

É um disco de covers e não um mergulho nos standards como o é, mais próximo, Nighclub de 2000, mas também não é uma sequência de Higher. Enfim, Clique estará próximo do que poderíamos imaginar uma sessão intimista num clube, de canções que nós (por vezes) reconhecemos, mas de que a cantora se apropria na sua voz, sussurrada, mas também onde o trio (acrescido ocasionalmente de guitarra e saxofone) se permite veleidades jazzy que noutros discos de estúdio lhe estão vedadas; mais focados na letra e na composição.

Patricia Barber envolve-nos em « «This Town», inebria-nos em «The In Crowd», comove-nos em «All in Love is Fair» e, verdadeiramente, «Trouble is a Man» e «I Could Have Danced All Night» dir-se-iam escritas por ela. A escolha das canções escapa ao vulgar e têm a marca pesada de Patricia, da personalidade vocal que nunca se eleva em excesso, abandonando-se quase gutural por vezes, embargada, em sussurro; mas também do piano, explicitamente no «Straight no Chaser» de Thelonious Monk, onde a banda toda é levada a improvisar, mas da mesma forma ao longo de todas as nove composições do disco.

Mais explicitamente Jazz do que nos habituou, espaço generoso para a banda improvisar; um disco algo atípico em Patricia Barber, mas envolvente e muito bonito.

 

Patricia Barber (p)
Patrick Mulcahy (b)
Jon Deitemyer (bat)
Neal Alger (g-ac)
Jim Gailloreto (st)

(Este texto foi publicado no Jornal de Letras)